Sistema do rio claro e rio grande
1. Histórico do Sistema Rio Claro
No começo do século XX a cidade de São Paulo passou por graves crises no abastecimento de água. Isso foi devido ao rápido crescimento urbano e populacional proporcionado pelo café. A cidade se colocou como centro das relações econômicas, comerciais e financeiras, servindo de ponte entre o interior do Estado e o Porto de Santos, que escoava a produção para o exterior. A Repartição de Água e Esgotos – RAE, instituição responsável pelos serviços de saneamento na cidade, utilizou todos os recursos hidráulicos da
Serra da Cantareira e buscava novos mananciais para abastecimento.
Dentre as soluções buscadas, indicou-se a utilização do Rio Cotia em
1900. Em 1903 ampliaram-se as aduções feitas no Rio Tietê, que já abastecia parte da cidade; e em 1904, o secretário de agricultura Carlos Botelho determina a realização de estudos hidrológicos no Rio Claro1.
Em 1905, Saturnino de Brito publicou um parecer no qual também indicava o Rio Claro como um dos mananciais a serem examinados na organização de um plano geral de abastecimento para São Paulo2.
O Rio Claro se situa a pouco menos de 100 quilômetros da cidade de São
Paulo, e a sua vazão foi medida pela primeira vez em 1906 pelo engenheiro e jornalista Euclides da Cunha. O volume estimado foi de 200 mil metros cúbicos por dia3.
A busca de novos mananciais para abastecimento da cidade gravitava em torno da questão de qual seriam as melhores águas indicadas para o consumo humano. A principal variável na escolha das fontes era o seu perfil sanitário, pois acreditava-se que as águas originadas nas cabeceiras e nascentes dos rios eram naturalmente puras, dispensando o tratamento.
Esses parâmetros estavam definidos no Código Sanitário, promulgado em
1894, reunindo as normas de higiene e saúde pública a serem seguidas pela população. Essa questão dividia os especialistas, engenheiros e médicos sanitaristas, pois os mananciais que se