Felicidade Clandestina
DELL – Departamento de Estudos Linguísticos e Literários
Curso de Letras
Teoria Literária I
Prof° Osvaldo Copertino Duarte
O DISCURSO COMO TEMA EM FELICIDADE CLANDESTINA Patricia Magalhães do Valle¹ RESUMO: O artigo analisa o conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, pela ótica do discurso. O discurso literário se constitui em um dos elementos mais significantes da proposta do auto-conhecimento. PALAVRAS-CHAVES: Clarice Lispector; discurso literário; experiência pessoal.
O conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector dá título ao livro do gênero lançado em 1971, nele há um conjunto de escritos em que a autora rememora a sua infância, destes o destacado para o estudo é Felicidade Clandestina que marca o tempo em que viveu em Recife.
Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, Ucrânia, em 10 de dezembro de 1925, porém com dois meses de idade, veio com a família para o Brasil. Uma referência da própria autora sobre a infância:
“Sou brasileira naturalizada, quando por uma questão de meses, poderia ser brasileira nata. Fiz da língua portuguesa a minha vida interior, o meu pensamento mais íntimo, usei-a para palavras de amor. Comecei a escrever pequenos contos logo que me alfabetizaram, e escrevi-os em português, é claro. Criei-me em Recife”. (Clarice Lispector)
Embora, o leitor ao ter essa informação possa tender a uma leitura autobiográfica não podemos nos distanciar do texto ficcional que tem autonomia em face à autoria. Num estilo de narração autodiegético, com predominância do fluxo de consciência caracterizado pelo solilóquio, a protagonista-narradora vai de maneira espontânea, rompendo o limite do espaço e do tempo, apresentando seu pensamento ao leitor. Num foco interno subjetivo: “O foco narrativo em 1ª pessoa tornou-se o ‘foco’ predileto da literatura contemporânea, quase toda ela, literatura de testemunho pessoal, de depoimento individual e único: é a verdade do indivíduo que deseja