Felicidade clandestina
O conto Felicidade Clandestina da autora Clarice Lispector narra a história de uma menina que tem como objeto de sua felicidade a posse de um livro.
Como não possui recursos financeiros para tal aquisição a menina vive a intensa espera do livro, prometido por outra, que aproveita da situação para subjugar a menina.
Até o dia que a espera chega ao fim, graças à descoberta da mãe da possuidora do livro que o entrega sem prazo de volta o objeto tão ansiado.
A menina, que esperançosamente aguardava, descobre então a felicidade ao possuir o livro em mãos, saboreando lentamente o prazer de ter o livro.
No conto a autora transpõe para a personagem a paixão pela leitura e por outro lado mostra a desvalorização, praticada pela personagem que era dona do livro que, mesmo tendo fácil acesso à literatura não desfruta desse sentimento. Percebe-se claramente essa situação no seguinte trecho: “Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria.” (Lispector, 1971).
Observa-se também uma alusão a Monteiro Lobato, que escreveu e estimulou a literatura infantil. O livro citado no conto e tão cobiçado pela personagem é um livro de sua autoria: As Reinações de Narizinho. Já no filme “Clandestina Felicidade” que é um curta-metragem de Beto Normal e Marcelo Gomes, conta a história da infância da escritora Clarice Lispector, embasado, principalmente, em seu conto “Felicidade Clandestina”.
Clarice é a personagem principal, e a partir dela que se desenrolam todas as situações: a ânsia de esperar por um livro que parece nunca estar disponível, a sua primeira fantasia de Carnaval, a visita ao laboratório da escola e observação dos animais mortos; o assassinato da sua amiga galinha; a ida à praia com a família; a bala que não acaba nunca; e a mudança da família para o Rio de Janeiro. Alguns desses fatos não estão presentes no conto.