Farmacia
Se alguém por acaso encontrasse o estudante de Enfermagem sueco Adde Karimi em setembro passado, provavelmente ele não teria tido tempo para conversar. Estava ocupado se entupindo de hambúrguer, Coca-Cola e milk-shake. É preciso muito planejamento para ingerir 6.600 calorias de junk food em um dia. Se você não for um glutão nato, comer em excesso exige dedicação. A motivação de Karimi era louvável. "Fiz aquilo porque queria detestar esse tipo de comida", afirma. Também fez pela ciência.
Você está com a impressão de que já viu isso antes? Karimi foi voluntário num experimento científico baseado no documentário Super Size Me - A Dieta do Palhaço, lançado em 2004. No filme, o cineasta Morgan Spurlock passou 30 dias comendo apenas no McDonald's. Pedia porções reforçadas e evitava atividades físicas. Karimi seguiu uma dieta semelhante, empanturrando-se de alimentos calóricos e evitando exercício.
Mas as semelhanças param por aí. No fim da farra de Spurlock no McDonald's, o cineasta tinha virado uma bola de gordura. Estava com a libido em baixa e o colesterol nas alturas. Ganhou 11,1 quilos, um aumento de 13% em seu peso corporal, e estava a ponto de sofrer sérios danos hepáticos. Por sua vez, Karimi não teve nenhum problema de saúde. Na verdade, o colesterol dele diminuiu depois de um mês comendo fast-food. Engordou 4,6 quilos. Metade era massa muscular.
O cérebro por trás dessa experiência é Fredrik Nyström, da Universidade de Linköping, na Suécia. No ano passado, ele submeteu 18 voluntários a uma dieta altamente calórica e gordurosa. Para ele, a descoberta mais fascinante é que houve uma variação enorme na resposta à dieta. Alguns, como Karimi, não tiveram o menor problema. Outros sofreram quase tanto quanto Spurlock. Um dos voluntários demorou pouco menos de duas semanas para alcançar os 15% de aumento de peso permitido pelo comitê de ética que aprovou o estudo. Estamos acostumados a ouvir que o excesso de peso é provocado simplesmente