Falácia- boneco de palha
Esta FALÁCIA consiste em atacar as ideias de uma pessoa apresentando-as numa versão deficiente ou distorcida. Constitui uma violação do princípio de caridade — a exigência de que, no debate racional, se ataque a versão mais sólida das ideias que queremos contestar. Exemplos desta falácia: "A única razão para defender a pena de morte é o desejo primitivo de vingança.", "Reprovaram-me porque só olharam para o meu comportamento". JS
Boneco de palha
Tenho um amigo pugilista que detesta a sogra. Detesta-a tanto que pintou a cara dela nos sacos que tem de “bater” durante os treinos: dá-lhe murros, diz ele, até a partir toda.
Agressividade à parte, este meu amigo é o exemplo acabado da falácia do boneco/homem de palha
A origem da expressão boneco de palha compreende-se facilmente também a partir do exemplo do meu amigo pugilista: não conseguindo “(a)bater” a sogra, “(a)bate” um… boneco. É o que fazem algumas pessoas quando atacam os argumentos de outras: criam um “boneco de palha” para lhe malhar; dito de outro modo, “inventam” uma posição fácil de refutar, que atribuem ao outro
(mas que o outro não defendeu, embora possa “confundir-se” com o que o outro defendeu).
O que se refuta, portanto, não é o argumento real do oponente, mas o argumento fictício: o argumento inicial é modificado, ou mesmo transformado em algo indefensável, para criar a ilusão de que foi rebatido. Vamos exemplificar?
O que está em discussão, normalmente, quando se discute o aborto, é saber quando é que o feto se torna uma pessoa
(uma vez que só uma pessoa pode ser assassinada).
Esta é uma questão complexa, que muitas vezes é posta de lado criando um boneco de palha: o feto é um ser vivo, argumenta-se por vezes, contra o aborto; e este é um argumento fácil de “provar”, e “prova-se” com as inúmeras fotos que existem por aí em sítios da web dos movimentos pró-vida. Boneco de palha!: o verdadeiro “inimigo” é outro, são os argumentos sobre a “pessoalidade” do feto…