Falta de mão de obra
Tido como requisito básico para entrar no mercado de trabalho, o diploma universitário deixou de ser a principal ferramenta para garantir emprego aos profissionais médios. Segundo levantamento inédito realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o perfil buscado pelo mercado mudou e a contratação de trabalhadores passou a ser determinada pelo aumento da demanda por profissionais com características específicas por causa do crescimento de alguns setores produtivos.
De acordo com o levantamento, das 19,1 milhões de pessoas que buscam emprego este ano, apenas 1,7 milhão, ou seja, 18,3%, estão qualificadas e 7,4 milhões não têm qualificação nem experiência. Até o final do ano, o Ipea prevê que sejam criadas 1,6 milhão de vagas no País com carteira assinada. Mas as vagas não serão suficientes para absorver 1,7 milhão de trabalhadores qualificados.
O estudo enfatiza que educação e qualificação continuam sendo dois dos requisitos mais importantes para disputar uma vaga. No entanto, o tipo de contratação é determinada pela especialização da economia. O presidente do instituto, Márcio Pochmann, avalia que esse quadro deve mudar se o País continuar crescendo a taxas de 5% e 6% ao ano. Ele afirma que a escolaridade a ser demandada no médio prazo deverá ser ainda maior, na medida em que o Brasil siga no crescimento sustentável.
De acordo com Pochmann, apesar de haver déficit de mão-de-obra em algumas áreas, há demanda e o que precisa ser feito é adequação da oferta, ou seja, os profissionais qualificados que sobram deveriam ser retreinados e suas qualificações adequadas ao perfil atual da indústria brasileira.
"Falta mão-de-obra em um País no qual sobram trabalhadores", afirma Pochmann. De acordo com a pesquisa, o perfil do profissional que o mercado procura, na maioria das vezes, é o seguinte: homens, brancos, com idades entre 31 e 37 anos e escolaridade média entre 8,2 e 13,1 anos de estudo. O estudo