FALA COLOQUIAL
“Cada povo, cada região tem a sua maneira de falar e isso deveria ser considerado uma riqueza do nosso patrimônio, e não um problema a ser resolvido.” A frase é do professor Marcos Bagno, que também é considerado um dos melhores linguistas no Brasil. Doutor em Filosofia e Língua Portuguesa pela USP, Marcos Bagno defende que no Brasil se fala com jeito brasileiro, e não português. Como se define um militante que se opõe à dominação e à opressão entre classes sociais distintas por meio da linguagem. Nesse sentido, o sujeito não precisaria falar a todo momento de acordo com a norma padrão, ou melhor, com a gramática. Sendo defensor do uso da fala coloquial até mesmo nos programas televisivos, o que contrapõe as ideias do professor Pasquale Cipro Neto, que é defende o uso da norma culta nos meios de comunicação. Autor de livros como “Preconceitos linguísticos: o que é, como se faz”, Bagno enxerga o processo de comunicação não permeado pelos erros,mas sim, pelos variantes linguísticas. Em outras palavras, a pessoa, que tem consciência de si e estuda há mais de 4 anos na escola, quando fala uma palavra não condizente com a norma padrão, ela não comete um erro de português,e sim, expressa outra forma de se comunicar. Sendo assim, é permitido o sujeito dizer algo diferente das regras gramaticais,pois, nesse momento, ele expressa a maneira de falar da sua comunidade. Segundo o educador, há imposição da linguagem padronizada nas escolas, ocasionando o desuso ou extinção de alguns dialetos e sotaques. É uma forma de fortalecer os preconceitos linguístico e social, em vez de valorizar os diferentes falares como manifestação da cultura local. Vale salientar que Bagno considera importante o professor ensinar as regras da gramática normativa ,mas, respeitando as expressões populares.