Expressões e Comunicações
CARLOS HEITOR CONY
De tempos em tempos, quando ninguém tem mais nada a dizer e os jornais a publicar, desencavam a figura mais problemática da história da humanidade: nada menos que Jesus Cristo. Antes de mais nada, um ser teologicamente composto de duas naturezas, a divina (para os seus crentes) e a humana, para o resto. Não vem ao caso discutir a natureza divina do personagem, pouco entendemos dos deuses, até mesmo a teologia, que deveria entender do assunto, limita-se, no fundo, a esclarecer que o homem jamais entenderá a natureza de Deus, nem entender o próprio Deus em si.
Resta o homem e aí começa a confusão. Há mesmo aqueles que chegam a negar ou a duvidar de que um dia existiu um Jesus de Nazaré, tal como a história mais ou menos moldou, personagem que teria vivido na Judeia, então província do Império Romano, cujo procurador, na época final de sua vida, foi Pôncio Pilatos, sendo Herodes o rei local, que, aliás, não mandava nada.
Esse personagem, mesmo limitado à sua natureza humana, dividiria as duas eras em antes e depois dele. Se realmente não existiu, nossa contagem de tempo reside num equívoco que não seria o único da história. Mas, se existiu, é extraordinária a sua importância, mesmo em seu aspecto humano, desprezando-se, para argumentar, a sua essência divina – que fica reservada aos crentes.
É, de longe, o personagem mais estudado e citado na crônica dos homens, a começar que, de estalo, teve diversos biógrafos, sendo quatro deles (Mateus, Lucas, Marcos e João) aceitos mais ou menos como os mais verazes, e, a partir dos quais, criou-se, com a ajuda de Paulo de Tarso, a pedra angular do cristianismo, religião dominante no Ocidente até hoje. Religião que deu um subproduto tão importante como o próprio cristianismo: o catolicismo.
Pelo vigor histórico das duas crenças, o cristianismo e o catolicismo, este último foi estruturado na instituição mais antiga do Ocidente, a Igreja Católica Apostólica Romana, cuja presença