Explicações psicodinâmicas da depressão
Em seus primeiros escritos psicanalíticos sobre a depressão Freud expõe a diferença entre luto e melancolia. O luto está relacionado ao sentimento de perda de um ente querido. O luto afasta a pessoa de suas atividades normais e deve ser superado com o tempo, por mais difícil que isso possa ser. Não deve ser submetido a um tratamento médico, mas este afastamento não é patológico, normalmente é superado após certo tempo e é inútil e prejudicial qualquer interferência em relação a ele.
Ele reconheceu também que amiúde experimentamos sentimentos ambivalentes em relação ao objeto de amor perdidos (podemos amar um objeto perdido, mas, ao mesmo tempo sentimos raiva dele ou até mesmo odiamos a pessoa por ter nos deixado ou rejeitado). Diante disto, Freud chega à conclusão que o fator crucial na depressão é a raiva internalizada e o evento que dispara o processo é a perda.
Os achados ligando perda à depressão são tomados como apoio para a teoria de Freud, porém duas qualificações deveriam ser observadas. A primeira questão é o fato de que a depressão é seguidamente precedida por perda não necessariamente significa que a depressão origina-se do processo de introjetar o objeto perdido como parte do eu e então voltar raiva para si mesmo.
Freud esclareceu ainda mais o papel da depressão como um sentimento que caracteriza a tristeza, a preocupação e a mágoa, e que estes seriam capazes de influenciar o funcionamento do próprio corpo, como embranquecer cabelos reduzir a nutrição e provocar doenças. Neste último caso, segundo Freud (1905), seria necessário que o paciente já tivesse predisposição a tal doença, que seria ativada pela depressão. “No luto é o mundo que se torna pobre e vazio; melancolia é o próprio ego” (Freud, 1917, p. 278). No luto sabe o que foi perdido com o objetivo de manter uma certa relação com o objeto perdido a melancolia também é uma reação à perda uma perda mais ideal não se tem ideia como no luto o que foi