Explicações científicas
1 INTRODUÇÃO
1.1. “Por quê?”
Uma explicação pode ser encarada como resposta a ma pergunta que envolve um “Por quê?” As questões-explicação, portanto, são , em geral, aquelas que admitem a forma:
Por que ‘p’? onde o lugar de ‘p’ será ocupado por uma sentença que traduz aquilo que requer explicação.
Paralelamente, vale a pena salientar, também, que nem todas as perguntas da forma “Por quê?” são perguntas que solicitam uma explicação. Algumas dessas perguntas pedem razões que apóiem a dada asserção. Assim, por exemplo, asserções do tipo “Pedro não teria apreciado o filme”, ou “Creio que a solução do conflito se deveu à iniciativa do Ministro do Exterior”, podem suscitar, com toda naturalidade, a pergunta “Por quê?” não exigindo uma explicação, mas razões em apoio da asserção. Questões desse gênero podem ser chamadas epistêmicas.
Por que se deve acreditar em p?
Salientada a diferença, contudo, é preciso notar que uma “boa” resposta para a pergunta “Por que p?” deve oferecer, potencialmente, resposta para a correspondente questão “Por que acreditar que p?”.
1.2. Aspectos pragmáticos
Diz-se que uma pessoa X explica um fato F para a pessoa Y Será necessário, então, salientar que o que constitui explicação para Y pode deixar de ser explicação para Z, podendo Z não pedir explicações de F ou considerar a explanação oferecida como algo ininteligível. As explicações, nesse contexto pragmático são, pois, relativas, tornando-se explicações para este ou aquele indivíduo. Acresce que uma explicação satisfatória hoje pode revelar-se para a mesma pessoa, num momento futuro, bastante deficiente.
A situação encontra paralelo nas explicações científicas. A pesquisa científica visa explicar o que sucede valendo-se de leis e teorias que tenham caráter objetivo, isto é, que independam dos indivíduos que as formulam. Esse ideal sugere a questão de obter um conceito não pragmático de explicação científica – um conceito abstraído do correspondente conceito