existencialismo
O episódio das duas grandes guerras mundiais abalou de maneira intensamente negativa toda a humanidade. Tais episódios horrendos das guerras acabaram afetando até mesmo a confiança da humanidade em si mesma. Neste período os valores chegaram a ficar confusos em meio a tanta desgraça. As guerras evidenciaram o vazio que permeava os sistemas filosóficos da época, como o idealismo e o positivismo, os quais eram limitados no que diz respeito a compreensão de aspectos fundamentais da humanidade (existência humana) e do mundo. Desta forma percebeu-se a importância de novas correntes filosóficas, ou seja, uma renovação da filosofia.
O pensador cristão dinamarquês Søren Kierkegaard (1813-1855) é geralmente considerado como o primeiro existencialista moderno, no entanto, o movimento filosófico existencialista se fortaleceu expressivamente no período entre a Primeira (1914-1918) e a Segunda (1939-1945) Grande Guerra, numa Europa mergulhada nas sequelas destes conflitos, e numa crise geral política, social, financeira, moral e econômica. A experiência traumática da guerra provocou um ambiente de desespero, melancolia e desalento, sentimentos que afetaram principalmente a juventude, que estava incrédula dos valores burgueses tradicionais e da competência de o homem resolver racionalmente as incoerências da sociedade (PENHA, 2004).
Conforme Penha (2004):
O existencialismo surge e se desenvolve justamente em meio a essa crise, repercutindo à medida que suas teses correspondiam e esclareciam o momento histórico sobrevindo à guerra. Daí, certamente, o motivo porque o movimento se propagou tão rapidamente.
A filosofia, a cultura e, sobretudo, a literatura de então sofreram forte influência deste espírito de insatisfação e incertezas, diante da realidade social e política do pós-guerra.
Conforme Abbagnano (2001), “o existencialismo é, de todas as correntes filosóficas contemporâneas, a única que se apresenta como a expressão de um clima cultural