exercício storytelling
Era uma manhã fria de 1945 na Polônia. Não enxergava nada a não ser meus dois irmãos se abraçando para se aquecer e competindo espaço com guaxinins e vermes. Sim, estávamos debaixo de uma casa. É difícil esconder um nariz desse tamanho no meio da guerra. A invasão nazista já havia acontecido há um tempo, mas mal sabíamos nós que o pior ainda estava por vir. Acima de nós morava uma família de camponeses muito humilde que aceitou que nos abrigássemos embaixo da casa por desacreditarem no ideal de Hitler. Eles nos davam comida, água e brinquedos. Passaram-se dois meses e a esposa da família veio a falecer. Desorientado na vida, o então recente viúvo decidiu declarar a nossa existência para a polícia nazista. Eu e meus dois irmãos fomos enviados para um campo de concentração na Alemanha aos cuidados do general Klaus Kapoft, um dos militares nazistas mais cruéis e temidos pelos judeus. Quatro meses se passaram e meu irmão caçula morreu de fome, exaustão e depressão. Dois meses depois meu outro irmão derrubou comida servindo o general e foi torturado até a morte. Não sabia o que fazer, para onde ir e com quem falar. Entrei em depressão. Decidi que acharia um jeito de me matar no dia seguinte e, se não fosse pelo que aconteceria nessa noite, não estaria contando essa história. Os guardas estavam nos levando para limparmos os corpos de uma batalha que aconteceu próximo ao nosso campo de concentração. Passamos uma igreja muito bonita de Munique chamada Catedral de São Peterson. Olhava pro céu e já pedia perdão a Deus pelo pecado que iria cometer. No meio da prece vi um ponto verde no céu. Estranhei, mas fechei os olhos novamente e voltei a rezar. Quando terminei, abri os olhos e não acreditei no que via: um ataque de bombas estava destruindo Munique. Corri para dentro da igreja junto com várias pessoas em desespero. É na hora da morte que se percebe como todo ser humano é igual: ninguém resiste ao medo e pânico que a morte traz. Depois de 16