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Introdução à Filosofia e Ética
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TEXTO 1
Lembremos a figura de Sócrates. Viveu em Atenas no século V a.C. Dizem que era um ser humano feio, mas, quando falava, era dono de estranho fascínio. Procurado pelos jovens, passava horas discutindo na praça pública. Questionava os mendigos, dizendo-se ignorante, e fazia perguntas aos que julgavam entender determinado assunto. Colocava o interlocutor em tal situação que não havia saída senão reconhecer a própria ignorância. Com isso Sócrates conseguiu rancorosos inimigos. Mas também alguns discípulos. O interessante e que na segunda parte do seu método, que se seguia à destruição da ilusão do conhecimento, nem sempre se chegava de fato a uma conclusão efetiva. Sabemos disso não pelo próprio Sócrates, que nunca escreveu, mas por seus discípulos, sobretudo Platão e Xenofonte. Afinal, acusado de corromper a mocidade e desconhecer os deuses da Cidade, Sócrates foi condenado à morte. A partir do que foi dito, podemos fazer algumas observações:
- Sócrates não está em seu "gabinete" contemplando "o próprio umbigo", e sim na praça pública.
- A relação estabelecida com as pessoas não é puramente intelectual nem alheia às emoções.
- Seu conhecimento não é livresco (baseado somente em livros), mas vivo e em processo de se fazer; o conteúdo é a experiência cotidiana.
- Guia-se pelo princípio de que nada sabe e, desta perplexidade primeira, inicia a interrogação e o questionamento do que é familiar (quem eu sou).
- Ao criticar o saber dogmático (teimoso, que não quer saber ou fazer de outro modo), não quer com isso dizer que ele próprio é detentor de um saber. Desperta as consciências adormecidas, mas não se considera um "farol" que ilumina; o caminho novo deve ser construído pela discussão, que é intersubjetiva (entre os seres humanos), e pela busca criativa das soluções. - Portanto, Sócrates é "subversivo" porque "desnorteia", perturba a "ordem" do conhecer e do fazer e, portanto,