Exclusão digital
Partindo de uma pesquisa realizada nas comunidades de baixa renda do município do Rio de Janeiro, este artigo pretende contribuir para a compreensão da dinâmica de inclusão e exclusão digital nos setores mais pobres da população. Com base numa amostragem que representa um universo de cerca de 1,2 milhão de pessoas, procura ir além da polaridade entre os que têm e os que não têm acesso a computador e Internet enfatizando os múltiplos aspectos da exclusão digital e apresentando suas implicações para a elaboração de políticas públicas e projetos sociais.
A EXCLUSÃO DIGITAL É MÚLTIPLA3
A exclusão digital no presente estudo diz respeito às conseqüências sociais, econômicas e culturais da distribuição desigual do acesso a computadores e Internet4. Exclui-se, portanto, o acesso à telefonia. Embora pertença ao mesmo grupo de produtos de IC (Informática e Comunicação), até por compartilhar a mesma infra-estrutura, sob uma perspectiva sociológica o telefone possui características bem diferentes dos demais: é parte da família de produtos "inclusivos para analfabetos" que podem ser utilizados por pessoas tecnicamente sem nenhuma escolaridade , enquanto os computadores e a Internet exigem um grau mínimo de instrução. Se a futura convergência de tecnologias desenvolver o uso de telefones celulares para a transmissão e leitura de mensagens escritas, possivelmente teremos novas formas de desigualdade entre os usuários de telefones.
Este artigo focalizará o acesso individual a computadores e Internet como instrumento de desenvolvimento e crescimento econômico, tema que guarda relação mas não pode ser confundido com o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs). Embora a maior parte da bibliografia sobre exclusão digital produzida pelas organizações internacionais enfatize o potencial das TICs para reduzir a pobreza e a desigualdade, na prática a dinâmica social funciona em sentido inverso: aumentam a exclusão e a desigualdade sociais. A