Evolução darwiniana
& ciências sociais
José Eli da VEiga
Foto agência France Presse/shaun Curry - 6.7.2006
livro origem das espécies e busto de darwin no Museu de História Natural, inglaterra.
t
menos sessenta anos o diálogo mais sistemático das ciências sociais com a evolução darwiniana, se as referências forem antropologia e arqueologia, como ressaltou o professor Walter neves logo nas primeiras palavras proferidas em sua conferência do ciclo sobre esse tema realizado pelo Instituto de estudos avançados da em 2007 (disponível em www.iea.usp.br/iea/ evolusociais). todavia, é mais recente no caso da psicologia, ainda mais nos da economia e da história, e talvez nem tenha começado na sociologia. Pelo menos é essa a conclusão mais geral que se pode tirar das contribuições apresentadas no referido ciclo, que não deixa de ser confirmada neste pequeno dossiê. supondo que ernest Mayr estivesse certo quando disse que a estrutura conceitual do darwinismo é um sistema filosófico, o balanço do diálogo que com ele mantêm as ciências sociais é dos mais intrigantes, para não dizer preocupante. Como entender que as ciências sociais permaneçam assim tão distantes do sistema de idéias que resultou de uma das principais revoluções científicas, senão a principal? em pelo
estudos avançados
22 (63), 2008
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a resposta talvez esteja diretamente relacionada a três questões fundamentais que diferenciam a mudança cultural humana da evolução biológica darwiniana. a mais óbvia está na enorme capacidade que tem a cultura – e que falta à natureza – para a rapidez exponencial. num incomensurável piscar de olhos geológico, a mudança cultural transformou a superfície do planeta como nenhum acontecimento da evolução natural poderia ter jamais conseguido nas escalas darwinianas de miríades de gerações. em seguida, a evolução darwiniana é essencialmente uma história de proliferação contínua. Quando uma espécie se separa de sua linha ancestral, isso é irreversível. as