darwin lido e aprovado
Últimas reflexões sobre a antropologia darwiniana;
Tort, Patrick
A teoria darwinista, um dos mais importantes pensamentos fundadores em matéria de ciência, alicerce da teoria materialista e anti-criacionaista, fora usada e abusada por várias correntes ideológicas que se apropriaram, equivocadamente ou intencionalmente, de sua teoria evolutiva, da seleção natural e da antropologia darwiniana para justificar teorias sociais do desigualitarismo. De forma que o legado darwinista acabara servindo de inspiração para as teorias "modernistas" da eugenia, a ideologia que fundamentava o "racismo científico", e fundador de quase todas as sociologias biológicas evolucionistas.
A responsabilidade por tal equívoco cabe, em primeiro lugar, sobre o evolucionismo filosófico de Spencer, sistema de pensamento que serve como referência ideológica ultral-liberal, emergente do contexto de lutas ideológicas que é o da Inglaterra nos anos de 1860, fundamentando-se na teoria darwinista da evolução das espécies. Isso além de representar as aspirações da burguesia industrial inglesa.
Spencer tinha uma visão orgânica da sociedade, e como um organismo, esta estaria passível de evolução. Num total equívoco, ou oportunismo, a teoria da seleção natural é adotada para tratar das sociedades, onde os mais fortes prevalecem e devem sujeitar os mais fracos para garantir a "seleção natural" dos seres humanos.
"A adaptação é a regra de sobreviência no seio de uma concorrência interindividual generalizada: os menos adaptados sem apelo e sem consideração". Esse ultraliberalismo de Spencer abraça a teoria Darwiniana justificando e incentivando a concorrência entre os homens.
A preocupação de Spencer está em aplicar a teoria darwiniana não em um corpo onde seu uso seria legítimo, mas onde Darwin recusa precisamente sua aplicação: na marcha das sociedades humanas. Tal deslize científico trará as piores conseqüências conceituais, teóricas e políticas na Europa e no