Evolução da imagem: A interatividade entre o meio e o indivíduo
Realidade, pensamento e imagem.
Susan Sontag, em Ensaios sobre a Fotografia, relaciona as três ideias começando do século XIX – neste caso, imagens como pinturas - até a atualidade da publicação do texto - em 1971, quando a modernidade da imagem era a fotografia Polaroid. Em paralelo, Gilles Lipovetsky e Jean Serroy, em A Tela Global, mídias culturais e cinema na era hipermoderna, de 2007, debatem sobre cinema, a evolução das “telas”, e as relações que a nova ecranosfera, mutação cultural da era da tela global, estabelece nos dias de hoje.
Nos textos podemos traçar ideias em comum. Em vários pontos podemos concluir que Lipovetsky e Serroy são como se fosse continuação da leitura de Sontag, com a dinâmica das relações atuais a partir da introdução das novas mídias eletrônicas.
Para Lipovetsky e Serroy, surge o olhar de cinema a partir da utilização da linguagem cinematográfica em outros meios de entretenimento e da massificação do uso de telas nos aparelhos eletrônicos. A consequência é a popularização da linguagem de cinema junto nos novos aparelhos eletrônicos. Com isso, na disseminação das telas globais, o mundo se vê segundo a retratação das telas de cinema.
“Para além dos programas audiovisuais, o espírito do cinema se apoderou dos gostos e dos comportamentos cotidianos, no momento em que as telas de celular e das câmeras digitais conseguem difundir o gesto do cinema à escala do indivíduo qualquer. (...) O banal, o anedótico, os grandes momentos, os concertos, mesmo as violências, são filmados pelos atores de sua própria vida.” - Lipovetsky e Serroy, pág. 26.
“Pelo contrário, é a realidade que cada vez mais se parece com o que a câmera mostra. Hoje em dia é vulgar as pessoas insistirem que a experiência de um acontecimento em que se encontram envolvidas parecia um filme. Isto é dito para dar a entender como tudo foi tão real, já que as outras descrições parecem insuficientes.” -