Evolucionismo
Evolucionismo cultural
Na época histórica de seu aparecimento como ciência, a antropologia sofreu a influência da idéia dominante no mundo científico: o evolucionismo, consagrado pela publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, em 1859. Por isso, na segunda metade do século XIX, a nascente ciência concebeu os diferentes grupos humanos como sujeitos em desenvolvimento. As distintas sociedades evoluiriam todas na mesma direção, passando por etapas e fases de desenvolvimento e diferenciação cultural inevitáveis e escalonadas, seguindo uma transformação que levaria do simples ao complexo, do homogêneo ao heterogêneo, do irracional ao racional. Para os antropólogos evolucionistas, todos os grupos humanos teriam que atravessar necessariamente as mesmas etapas de desenvolvimento, e as diferenças que podem ser observadas entre as sociedades contemporâneas seriam apenas defasagens temporais, consequência dos ritmos diversos de evolução.
Embora hoje em dia estejam muito superadas as principais teses evolucionistas, é considerável a maneira pela qual continuam influenciando a linguagem vulgar e o próprio vocabulário especializado da antropologia. Assim, às vezes fica difícil ao especialista descrever fenômenos antropológicos sem ter que recorrer a vocábulos viciados pelo conteúdo evolucionista que os impregnou durante muitos anos. Nesse sentido, a utilização de conceitos como "sociedades primitivas", "civilizações evoluídas" etc. pressupõe uma aceitação implícita de seu fundo ideológico evolucionista. Para evitar confusões, muitos antropólogos falam hoje de "sociedades de tecnologia simples", ou "sociedades de pequena escala", em oposição a "sociedade de tecnologia complexa" ou "sociedades industriais".
Os mais influentes antropólogos evolucionistas foram o americano Lewis Henry Morgan e o inglês Edward B. Tylor. Morgan publicou em 1877 seu estudo Ancient Society (A sociedade primitiva), no qual distinguia três etapas por que passaram,