evolucao do estado
A EVOLUÇÃO DO PAPEL DO ESTADO
O Estado também tem uma história. Com isso, entendemos que seu papel e seu lugar na sociedade não são fixados de uma vez por todas: a evolução de suas funções constituiu até um dos dados maiores da história dos dois últimos séculos. Também a idéia do que deveria ser de sua responsabilidade e de como ele deveria intervir variou substancialmente de um século ou de um século e meio para cá. Desse modo, faltaria uma dimensão capital a nosso estudo se ele deixasse de descrever e de explicar essa evolução. Cuidaremos, portanto, de descobrir o sentido geral dessa evolução, se é que isso é possível. Porque o problema existe. Antes de repetir os lugares-comuns de que são pródigos os manuais de ensino, do tipo "o papel do Estado conheceu um crescimento indefinido", importa provar a justeza dessas considerações gerais, confrontando-as com a diversidade das experiências particulares. Será possível reduzir a um tipo único de evolução a história de sociedades políticas tão dessemelhantes quanto a Inglaterra e a Rússia, a Áustria-Hungria e os Estados Unidos? Por outro lado, para um mesmo país, haveria uma tendência única, ou a análise levaria a reconhecer diversas tendências, cujas orientações estão longe de convergir?
Tentemos introduzir alguma clareza no emaranhado das evoluções institucionais, sem sacrificar por isso a diversidade concreta das experiências nacionais e das situações circunstanciais.
1. A SITUAÇÃO EM 1815
Situemo-nos no início da Restauração. Ela se define no ponto de junção de dois fenômenos pertencentes a ordens de realidade distintas e que desenvolveram efeitos aparentemente contrários: o movimento das idéias e a prática das instituições.
1. O primeiro é totalmente dominado pela desconfiança em relação ao poder. As teorias da maior parte dos filósofos políticos, as aspirações do espírito público, a inspiração primeira da Revolução Francesa, a admiração pelo modelo britânico e pelo governo