Evans Pritchard- Algumas Reminiscências sobre o Trabalho de Campo
É inútil ir para o campo às cegas, pois devemos saber o que procuramos para achar as respostas exatas desses questionamentos. No entanto, isso só é possível graças a um treinamento sistemático em antropologia social acadêmica.
O autor exemplifica a necessidade do treinamento, quando diz que não seria capaz de escrever sobre bruxaria zande e nem ter feito as anotações que o sustentam, se não tivesse lido livros e buscado fontes para entender melhor o sistema de linguagens, a história, o comportamento e a política no caso dos Shilluk e Anuak. Sendo o objetivo de estudo os seres humanos, o estudo em si envolve toda a nossa personalidade, cabeça e coração, assim como tudo que a moldou (sexo, idade, vida acadêmica, amizade, religião, família, nacionalidade etc...)
Evans afirma que o que se traz de um estudo de campo, depende muito daquilo que se levou para ele. Assim foi a sua impressão sobre seus colegas e sobre sua própria pesquisa.
Quanto ao que dizem sobre o antropólogo ir a campo com idéias preconcebidas sobre a natureza das sociedades primitivas e que suas observações são guiadas por suas tendências teoricas, Evans relembra que Malinowski costumava dizer que as (idéias) dos leigos são desinformadas e em geral preconceituosas. Ao passo que as do antropólogo são cientificas, pelo menos no sentido de que se baseiam num corpo muito considerável de conhecimento acumulado e aprimorado. Se o antropólogo fosse ao campo sem idéias preconcebidas, também não saberia o que observar, nem como fazê-lo e obviamente não se pode estudar coisa alguma sem uma teoria. Logo, o antropólogo tem suas ações inflelidas por suas teorias.
Ressalta que é desejável que o antropólogo estude mais de uma sociedade, pois assim pode perceber as instituições estudadas em contraste com as suas próprias e quem sabe as de uma