Eugénio de Andrade

285 palavras 2 páginas
Sob regime violento e autoritário, a poesia de Eugénio de Andrade se escreve, em As palavras interditas (1950-1951), pela negativa e pela ausência, referindo-se a tudo aquilo que não pode ser dito em um Portugal debaixo de forte censura e repressão.
Sua poesia aponta para um cenário devastado, fragmentado, despido de humanidade. Sem levantar bandeiras políticas, demonstra a necessidade de ação por meio da expressão do amor, tornado cada vez mais improvável no contexto totalitário em que os afetos são controlados e as relações sociais rigorosamente dirigidas.
Assim, pelo avesso, pelo silêncio e pelos caminhos instáveis do não dito, a poesia eugeniana se empenha em dizer um amor proibido. Em nossa análise, pretendemos acompanhar alguns dos principais poemas do livro, como o poema de abertura e aqueles organizados ao redor de signos recorrentes como o do “navio”, que, sem direção, flutua e corta o ambiente noturno da cidade.

As palavras interditas (1950-1951), by Eugénio de Andrade, was written during the period in which Portugal was living under a violent and totalitarian regime. By evoking feelings of absence and negativism, the poems appeal to all that could not be said or done in a country submitted to censorship and repression. His poetry points out to a devastated scenery, empty of hope or humanity, and incites action through the expression of love, presented as a subversive force, especially when confronted to other socially controlled habits. Our analysis aims at providing a reading of some of the most important poems of the book organized around recurrent poetic signs, like the “ship”, for example, which constantly cuts and drifts around the nocturnal surroundings of the

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