EUGENIA
A gênese de uma pseudociência
Os ideais eugênicos modernos remontam à Antiguidade. Os padrões de beleza física da Grécia Antiga, assim como os exemplos de força dos exércitos de Esparta e séculos antes, as regras de higiene dos hebreus e sua profilaxia também inspiraram os teóricos eugenistas da segunda metade do século XIX e princípios do século XX. Na Grécia Antiga colocou-se em prática uma medida que tinha em vista a purificação da raça durante o apogeu da cidade-estado de Esparta. De acordo com Plutarco, o conjunto de leis de Licurgo no século VII a. C. previa que desde o nascimento até a morte, todo espartano varão pertencia ao Estado. Todos os recém-nascidos eram examinados cuidadosamente por um conselho de anciãos e, se constatada anormalidade física. Mental ou falta de robustez, ordenava-se o encaminhamento do bebê ao Apotetas (local de abandono) para que fosse lançado de cima do monte Taigeto. Caso contrário, os pais cuidavam de seus filhos até os sete anos, quando os meninos ingressavam definitivamente na escola de formação militar tutelada pelo Estado. Os filósofos Aristóteles e Plantão também pensaram na necessidade de selecionar os casamentos e de estimular o matrimônio dos casais superiores, tendo em vista a preservação da raça. Essa superioridade não estava baseada somente em poder militar ou em riqueza material, mas na grandeza do arsenal humano. Os espartanos justificaram sua vitória contra os atenienses na Guerra do Peloponeso, no século v a.C., por possuir o exército mais apto, controlado e treinado desde o nascimento. As ideias de superioridade e de pureza de determinado grupo não são exclusivas da Antiguidade, tampouco dos eugenistas. Mesmo na Idade Média, em que tudo era resultado da vontade divina, a noção de superioridade do povo cristão sobre os muçulmanos em relação à posse da Terra Santa e a da inferioridade indígena para justificar a dominação do Mundo Novo podem ser