Eu quero minha sanidade de volta.
Mas isso nunca foi um problema para que ele seguisse com sua vida. Aos trancos e barrancos, sempre conseguia seus intentos. Sempre pensava que um dia as coisas haviam de melhorar.
Certa feita, uma experiência traumática lhe tirou o chão. Perdeu amigos, se afastou de várias pessoas, viu sua vida ruir e muitas das coisas que havia construído no campo ideológico/ social/ religioso foram tidas como nulas. O episódio em questão e todos os seus reflexos fizeram com que muita gente esquecesse o que ele havia feito de bom. O que ele havia reerguido foi meio que tomado por outros. E ele caiu.
Caiu como já havia caído outras vezes. E se reergueu. Assim como havia se reerguido outras vezes. Mas como dizem os antigos “besteira pouca é bobagem”. E então ela apareceu.
Ela apareceu quase que do nada. Até dias antes, ignorava a existência dela. Ela apareceu lhe tirando toda e qualquer possibilidade de reação contrária. Um amor arrebatador, diriam alguns. A metade da laranja, diriam outros. E o céu, pelo menos o seu céu, se abriu em resplendor. E a vida ganhou ares de romantismo, lirismo, realismo. Real porque nunca havia vivido daquela maneira e para ele era assim mesmo que deveria ser a vida: alegre, festiva, amorosa...
Esqueceu-se de vários problemas. Via os sonhos tomando novas roupagens. Esqueceu-se da dor de carregar um fardo que não era somente seu. Enfim, a fotografia de sua vida estava mais colorida, mais compassada, muito mais agradável.
Ela não era uma mulher fatal, mas estava perto. O trouxe