etica e politica
As relações entre ética e política tornaram-se, nos dias de hoje, um assunto extremamente delicado. A cidadania está, nos inícios do século XXI, cada vez mais divorciada da competência política dos indivíduos e do seu envolvimento activo nos processos de discussão e de decisão política.
A luta pelo poder quase anula e dispensa ideologias e princípios filosóficos que dão alma aos ideários políticos.
Num clima de descrença generalizada no qual a utopia já não vinga, na vaga da desconfiança crescente em que os escândalos, a corrupção e a falta de transparência agravam a suspeita que pesa sobre os políticos e os seus discursos, a clivagem entre ética e política acentua-se cada vez mais. A isto acresce o facto de à política, vocacionada que está para a organização da sociedade e da vontade geral, interessar sobretudo a obtenção de resultados.
A política visa, sobretudo, a obtenção de certos fins, deixando para segundo plano a consideração da questão dos meios. Se aceitarmos válida esta premissa, que separa o social do político, e assenta na eficácia e na manutenção do poder político, então facilmente chegaremos à concepção de Maquiavel de que os fins justificam os meios. Estamos, contudo, numa perspectiva na qual a política surge como um campo autónomo, sendo os seus domínio e objectivo, respectivamente, a luta pelo poder e a sua manutenção. Nesta concepção, as questões de ordem ética aparecem subordinadas às questões da utilidade política. Esta política não é necessariamente norteada por princípios éticos.
Consideramos que a relação entre os meios e os fins tem de ser equacionada a partir da interligação do político e do social. São certos valores que é necessário acautelar. Assim, os fins não justificam os meios, se esses meios contrariarem princípios éticos fundamentais. A política é posta ao serviço de valores que promovem a edificação de uma sociedade mais justa, com