Ética Política
A crise financeira e económica sem fim e sem precedentes, conjugada com a campanha eleitoral em curso, sugere-me alguma reflexão sobre a ética na política. Creio que todos concordarão que nenhuma profissão é mais nobre do que a política, porque nenhuma outra tem tanta influência sobre a vida das pessoas.
Supostamente, quem a exerce assume responsabilidades que exigem qualidades morais e competência, devendo o político tomar decisões estratégicas na vida das populações e ser guiado por acções prudentes e de coragem dirigidas ao respectivo entendimento de bem público. Nesse sentido, o político deve agir de acordo com a ética da responsabilidade, levando sempre em consideração as consequências das decisões adoptadas. No entanto, para alcançar maiorias são, por norma (e infelizmente),k assumidos compromissos e promessas geralmente irrealistas.
A contradição entre o bem público desejado e as promessas irrealistas para conquista do poder faz com que grande número de políticos aja imoralmente, quer em termos macrogeográficos (na União Europeia ou no país, por exemplo), quer em termos microgeográficos (nos municípios, por exemplo). Na minha opinião, há três tipos de imoralidade: (i) imoralidade quanto aos meios utilizados, porque muitas vezes são definitivamente condenáveis; (ii) imoralidade quanto aos fins, porque falta ao político a noção de bem público, interessando apenas o poder, o enriquecimento ou ambos; (iii) imoralidade quanto aos meios e aos fins quando o político usa quaisquer meios para atingir os seus fins pessoais.
Olhando para os principais responsáveis pelo estado das contas públicas nacionais e municipais e, portanto, também pela actual crise, podemos até admitir que poucos foram imorais apenas em relação aos meios, utilizando meios condenáveis como a corrupção e o suborno. Na verdade, muitos traíram todos os seus