SEXO E SEXUALIDADE: DISCURSOS E PRÁTICAS CONFLITUOSOS
O sexo foi reconhecido durante muito tempo como ato natural – fisiológico destinado à procriação e á realização física. Foi primeiramente, a igreja que criou a fobia de desprezo do corpo e a obsessão persecutória da carne.
Instituições como a Ciência, representada pela medicina – e a Religião – representada pela igreja – historicamente definiram conceitos e práticas ideológicas reguladoras para a sexualidade. As práticas eróticas e a sexualidade foram condenadas, e a as praticas sexuais foram condicionadas ás finalidades de procriação, restritas ao casamento cristão sacramentado. O desenvolvimento das sociedades patriarcais contribuiu para que o impulso sexual fosse atribuído aos homens. Ao mesmo tempo, a medicina apregoava a estrita utilização do coito para a reprodução, abafando os desejos e a sexualidade feminina.
Também no meio acadêmico – cientifico, a definição de sexo como um componente biológico natural encontra – se ainda bastante arraigada. A sexualidade ultrapassa a necessidade fisiológica e tem a ver com a simbolização do desejo. Não se reduz aos órgãos genitais, por que qualquer região do corpo é susceptível de prazer sexual, desde que tenha sido investida de erotismo na vida de alguém.
Recentemente, mesmo essa diferenciação entre sexo, definido como um aspecto natural, e sexualidade, compreendida como um traço cultural tem demonstrado certos limites, sendo debatida e contestada em estudos que se intensificam. A discussão caminha da aparente superficialidade terminológica para a compreensão etimológica e semântica das expressões, ou seja, dos sentidos e significados a eles atribuídos. Enquanto, por muito tempo, o termo “sexo” significou, em larga medida, o ato ou traço biológico/natural do ser humano, progressivamente representa também as diferenças, as individualidades e as subjetividades.
Embora a Sociologia tenha incorporado parcialmente o sexo como objeto de estudo, o desenvolvimento das