etica e cultura

Ética e Cultura.
Antes de começarmos a falar em cultura, permitam-me estabelecer um ponto de partida fundamental para a compreensão dos problemas que irei apresentar nesse artigo. O que estou querendo exprimir quando uso o termo ‘cultura’? Qual o tipo de cultura que estou defendendo? O que é cultura, afinal de contas?

Infelizmente, vivemos numa época tão confusa que as próprias palavras perderam o significado objetivo e se tornaram meros “símbolos semânticos vazios e multifuncionais”. Dependendo de quem as usa, de como são usadas, do local onde estão sendo ditas e do propósito com que são expressas, as palavras podem dizer coisas completamente diferentes e causar muita confusão.

Muitas vezes já estamos acostumados com tamanha “riqueza semântica”, como no caso do adjetivo ‘social’, que de uns tempos para cá, passou a automaticamente reverter o sentido de qualquer substantivo tornando-o positivo. Tomemos por exemplo, o termo ‘Justiça’: todos sabem que é uma virtude, um dever, uma coisa boa, mas o termo ‘justiça social’, ainda que não saibamos bem o que é, nem tenhamos clara a sua definição, nos remete a algo muito melhor, muito mais sublime e desejável. O mesmo exercício pode ser feito com os termos ‘responsabilidade’, ‘democracia’, ‘economia’, por exemplo.

Infelizmente, isso também pode ser dito do termo ‘cultura’. Hoje, ao invés das definições dicionarizadas “o solo onde cresce a razão”, o “melhor de tudo aquilo que já foi pensado, criado ou dito pelo homem” ou “a expressão do belo, do bom e do verdadeiro”, o termo passou a vagar no “éter lingüístico” e se identificar com “um apanhado de práticas, visões de mundo, crenças, preferências, origens ou traços étnicos compartilhados por um determinado grupo”. Segundo essa definição, devemos relativizar a importância da cultura e aceitar quaisquer manifestações humanas como “culturais”, independentemente de critérios valorativos. Nesse cenário, as palavras de ordem são: pluralismo e multiculturalismo.