Ethos discursivo No final dos anos 80, a noção de ethos analisada à sociedade foi descoberta. A maioria dos atuais conceitos que veremos sobre ethos foi introduzida por Dominique Mainguenau, um francês especialista em linguística e análise do discurso. A etimologia de ethos é grega, que significa ética, hábitos e harmonia. Ethos significa o caráter, o modo de ser. Segundo Antoine Auchlin, um linguista, o conceito de ethos é essencialmente prático, não apenas teórico. Um perfeito exemplo atual é o período eleitoral. Mês que vem acontecerão as eleições. Os eleitores – em sua maioria – a essa altura já têm uma noção do candidato que ganhará o seu voto. Um eleitor pensa no político que ele julga ser habilidoso. E o que o torna hábil? A sensibilidade de notar os problemas que uma determinada população enfrenta, a capacidade de propor soluções e de fato solucioná-los. Os políticos chegam às pessoas através do maior marketing político, que excede qualquer tecnologia: as palavras. Ou melhor, o seu discurso. É claro que ao expor seus projetos, ele não irá simplesmente jogar as palavras a esmo, mas sim estudá-las, pensar e ensaiar com antecedência. A essa “arte”, dá-se o nome de retórica. Este foi apenas um exemplo. A arte retórica da oratória não foi criada pelo marketing político. Vários filósofos gregos, juntos, introduziram a retórica, porém Aristóteles formou a concepção mais cabível, ou pelo menos foi a que chegou até nós. A retórica apela à audiência em três fatores: logos, pathos e ethos. Este último, que é o que vamos nos aprofundar um pouco, consiste em causar uma boa impressão pela forma como se constrói o discurso. A passar uma imagem que seja capa de impressionar e convencer o auditório, ganhando assim sua confiança. O ethos está ligado à enunciação, não a um saber extra-discursivo sobre o locutor. Ou seja: “o que está por trás das palavras”. Contudo, o ethos também abrange os hábitos. Com ou sem o discurso, podemos observar como cada pessoa é.