ESTUDOS ANTROPOLÓGICOS, FILOSÓFICOS E SÓCIO-CULTURAIS DO HOMEM 2
Aula 4
A cultura interfere no plano biológico — Existem idéias que se contrapõem ao etnocentrismo. Uma das mais importantes é a da relativização. Quando vemos que as verdades da vida são menos uma questão de essência das coisas e mais uma questão de posição, estamos relativizando. Quando compreendemos o “outro” nos seus próprios valores e não nos nossos, estamos relativizando. Enfim, relativizar é ver as coisas do mundo como uma relação capaz de ter tido um nascimento, capaz de ter um fim ou uma transformação. Ver que a verdade está mais no olhar que naquilo que é olhado. Relativizar é não transformar a diferença em hierarquia, em superiores ou inferiores ou em bem ou mal, mas vê-la na sua dimensão de riqueza por ser diferente.
A reação oposta ao etnocentrismo é a apatia. Em lugar da superestima dos valores de sua própria sociedade, numa situação de crise, os membros de uma cultura abandonam a crença em seus valores e perdem a motivação que os mantêm unidos e vivos. No Brasil colonial, os africanos removidos à força de seu continente perdiam a motivação de continuar vivos. Muitos foram os suicídios, enquanto outros se deixaram morrer pelo mal que foi denominado banzo, que pode ser traduzido por saudade da terra-mãe. O banzo é uma forma de morte lenta decorrente da apatia. Foi também a apatia que dizimou parte da população dos índios Kaingang, em São Paulo, quando tiveram seu território invadido pelos construtores da estrada de ferro. Ao perceberem que seus recursos tecnológicos e mesmo que os seus seres sobrenaturais eram impotentes diante da ameaça da sociedade branca, esses índios perderam a crença em sua sociedade. Muitos abandonaram a tribo e outros simplesmente esperaram pela morte que não tardou. A sensação de fome depende dos horários de alimentação que são estabelecidos diferentemente em cada cultura. A cultura também é capaz de provocar curas de doença, reais ou imaginárias.