Estudo do processo de curtimenta
1. INTRODUÇÃO
O tratamento de peles para uso em vestuário e calçado, entre outras aplicações, remonta aos tempos da pré-história e persiste até aos nossos tempos, acompanhando a evolução da Ciência e da Tecnologia.
Este tratamento é designado por curtimenta da pele, e consiste na reticulação entre as cadeias de colagénio da pele e os agentes de curtimenta. Os agentes de curtimenta podem ser de natureza diversa, e neste trabalho procura-se classificar os agentes de origem vegetal, denominados taninos, mais utilizados na indústria de curtumes. No entanto, a eficácia do processo de curtimenta depende de variados parâmetros e de processos preparatórios da pele, pelo que, para se compreender o processo global que envolve o tratamento da pele, desde que é retirada do animal até à fase de curtimenta, é necessário interiorizar alguns conceitos. As notas que se apresentam a seguir têm como objectivo, explicitar alguns desses conceitos para uma melhor compreensão do processo de curtimenta das peles.
1.1. ESTRUTURA DA PELE – NOTAS BREVES
A estrutura da pele retirada dos animais é de extrema importância para a indústria dos Curtumes, visto ser a matéria-prima a partir da qual se obtém o couro final. Não existem duas peles com estrutura exactamente igual, e mesmo entre animais da mesma espécie podem verificar-se diferenças acentuadas. Estas diferenças influenciam a qualidade do couro final, e devem-se a factores como raça dos animais, região de proveniência, idade e condições de criação dos animais. No entanto, a estrutura da pele é fundamentalmente igual para os mamíferos, que são a principal fonte de matéria-prima da indústria dos curtumes.
A estrutura da pele é constituída por várias camadas, identificadas do exterior para o interior por epiderme, derme e tecido subcutâneo. (vide Figura 1.1)
Paul Salgueiro 1
Figura 1.1 - Representação esquemática do corte transversal de uma pele de bovino.[1] A epiderme é uma