estudo de caso
São Paulo, 11 de setembro de 1996 (Edição 618) - Nos últimos 26 anos, os executivos da Credicard, maior administradora de cartões de crédito do país, acostumaram-se a chegar ao trabalho pela manhã, dar bom-dia à secretária e se fechar num gabinete privativo de 22 metros quadrados. Poucos eram os ícones que simbolizavam tão bem o status e o poder de um executivo quanto um belo, amplo e inatingível escritório. A lógica parecia simples: quanto maior ele fosse, mais perto o profissional estaria do Olimpo da organização. Pois dê, agora, uma passada de olhos pelo escritório do carioca José Francisco Canepa, presidente da Credicard, e você verá que, na realidade, ele já não existe. Desde o final do ano passado, Canepa e mais onze vice-presidentes da empresa dividem um salão no 15o andar de um prédio na Zona Oeste de São Paulo. Não há portas ou paredes entre eles. As reuniões do dia-a-dia deixaram de ser agendadas. Canepa sai de sua estação de trabalho de 9 metros quadrados, caminha até o centro do salão, convoca seus executivos. Lá, quase sempre em pé, toma decisões em questão de minutos. Por enquanto, a queda de muros está concentrada na cúpula da empresa. Mas há planos de transformar a Credicard, dona de um faturamento de 8,7 bilhões de dólares em 1995, numa empresa totalmente aberta - e mais ágil. "Nós mudamos, o mercado mudou", diz Delsio Klein, vice-presidente de recursos humanos da Credicard. "Era imprescindível quebrar os feudos, fazer a comunicação fluir melhor." É isso.
Os escritórios estão mudando porque as empresas mudaram. A Credicard, assim como boa parte das grandes corporações, passou nos últimos anos por uma revolução em busca de competitividade. Fez-se reengenharia, apelou-se para o downsizing, criaram-se os times de trabalho, os computadores pessoais democratizaram a informação. A forma de trabalhar, enfim, mudou. E deve se transformar ainda mais daqui para frente. Uma pesquisa realizada pela revista Fortune com as 500