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Resumo
R. Murray Schafer é responsável pela introdução do conceito de “paisagem sonora” nos estudos sobre música, uma abordagem ecológica que tem como preocupação identificar um catálogo da sonoplastia característica das regiões do planeta, avaliando o impacto gerado pela inserção dos sons resultantes da industrialização das sociedades nestes ambientes acústicos naturais. Responsável por uma teorização do espaço narrativo, Osman Lins introduz um conceito novo, o de “ambientação”, para cuja criação a música exerceria um papel fundamental. Neste estudo pretende-se identificar como a consciência ecológica também perpassa as preocupações mais evidentes de renovação estética e de crítica ideológica em Avalovara, através do agenciamento, pelo autor, de diferentes “paisagens sonoras” responsáveis pelas implicações acústicas dos efeitos de ambientação presentes neste romance.
Teoria sobre o espaço musical do compositor canadense R. Murray Schafer, nas quais encontramos diversos pontos em comum, sobretudo no que diz respeito ao questionamento da clássica divisão das artes em “espaciais” e “temporais”, proposta por Lessing
1. Paisagem Sonora e Ambientação Espacial
R. Murray Schafer, autor dos livros O ouvido pensante e A afinação do mundo, é responsável pela introdução do conceito de “paisagem sonora” nos estudos sobre música, um termo que contraria a imediata associação da música com as artes temporais, pela carga semântica que a vincula ao espaço. A “paisagem sonora”, como o termo foi traduzido em português, poderia ser entendida como qualquer campo de estudo acústico, passível de ser isolado para análise do mesmo modo como podemos estudar as características de uma determinada paisagem visual. A paisagem sonora: é o nosso ambiente sonoro, o sempre presente conjunto de sons, agradáveis e desagradáveis, fortes e fracos, ouvidos ou ignorados, com os quais