Estudante
O texto de Chiavegatto faz uma importante e eficiente análise sobre as redes envolvendo os “espaços de referenciação”, relacionando processos cognitivos e gramática na construção de significados.
“Um texto: Uma Rede de Espaços Mentais”, de Valeria Coelho Chiavegatto¹, aborda a relação entre cognição, gramática e interação linguística. O texto é basicamente dividido em três partes: a apresentação de conceitos e pressupostos; uma análise de relatos coletados, utilizados aqui como exemplos, e as conclusões formuladas durante o estudo.
Primeira Parte
Inicialmente, a autora se utiliza principalmente da “Teoria dos Espaços Mentais”, de Fauconnier, para explicar “como os discursos são processados na mente e projetados na linguagem e, considerando sua função comunicativa, construídos e compreendidos pelos usuários de uma dada língua” (p. 309). Alguns pressupostos básicos, encontrados na teoria de Gilles Fauconnier, são considerados importantes para a posterior análise, como:
“1°) Há construções linguísticas que são poderosos desencadeadores de processos cognitivos que interferem na organização da linguagem, pois exercem funções que inter-relacionam domínios cognitivos distintos, inferências pragmáticas e engendram a identificação das referências discursivas; 2°) Tais construções linguísticas introduzem e abrem “espaços mentais” nos discursos, fornecendo aos usuários de uma língua uma via de acesso às informações arquivadas [...]; 3°) Que o arquivamento de informações em domínios conceptuais vem se processando desde a mais tenra infância nos indivíduos através da exposição dos humanos a toda sorte de experiências [grifo nosso] [...] de tal forma que o aparato biológico que capacita os homens à organização e representação de pensamentos em linguagem só se desenvolve naturalmente sob tal condição (a exposição à experiência);