Fichamento do texto “velho brasil, novas áfricas; portugal e o império (1808-1975)” de valentim alexandre
O texto de Valentim começa colocando em questão a necessidade de se fazer um estudo acerca da resistência portuguesa às novas condições do sistema de relações internacionais que tiveram seu nascedouro com as guerras napoleônicas. Explica-se que essa concepção demonstra uma continuidade, uma vez que a perda do Brasil não implicaria uma grande mudança, pois Portugal já era um mero intermediário entre o Brasil e a Europa. Esta ideia, entretanto, faz esquecer as mudanças ocorridas na dependência de Portugal em relação à Inglaterra e nas mudanças políticas no país lusitano, que fez surgir uma ideologia nacionalista. (p.11)
De acordo com Alexandre a ideologia nacionalista portuguesa se constrói a partir 1808 em função da crise nas relações entre Portugal, Inglaterra e Brasil. Contudo essa crise não surge por conta da presença inglesa em Portugal, que inicialmente era bem vista pela burguesia e as elites, pois poderiam conter o movimento popular urbano e rural que atingiram Portugal em 1808. Além disso, a intervenção inglesa possibilitava a reorganização do aparelho estatal e, posteriormente, o reforço do exército para controlar as classes populares. (p.12)
Até 1814 os pontos negativos das relações entre Inglaterra e Portugal são disfarçados em Lisboa. A abertura dos portos brasileiros foi vista como necessário, pois como Portugal estava em guerra no seu território e impossibilitada de comercializar importantes produtos com o Brasil, seria importantes que os britânicos fizessem comércio com os britânicos e, além disso, acreditava-se que o tratado só duraria enquanto durasse a guerra. Contudo os efeitos dos tratados de 1810 foram fortíssimos para a metrópole, principalmente para o setor manufatureiro e de ofícios mecânicos. Em 1813 uma publicação no Investigador Português em Londres denunciava a miséria dos artesãos por conta da entrada das mercadorias