estudante
Nascer
Era um dia frio e nebuloso. O chacoalhar do carro me enervava mais e mais. A distância em si não era muita, a mudança é que era enorme. Algumas pessoas dizem que o certo valor só é dado quando se perde algo. Eu, de certa forma não tinha muito a valorizar: Willow Batters é nada mais nada menos que uma antissocial intitulada “escrota” pelas meninas mais populares na escola. Elas me odeiam desde a quarta série quando eu finalmente me pronunciei. As palavras foram poucas, mas suficientes para causar um ódio eterno.
Não me lembro muito bem daquele dia e o que me lembro são flashes bagunçados. Era um dia caloroso de dezembro, no pátio da escola. Meus cabelos negros e encaracolados presos em um coque alto e meu rosto suado determinavam o meu desejo: água. Levantei e me dirigi ao bebedouro mais próximo. Saia muito pouco, mas suficiente para derrotar a secura nos meus lábios. Ao terminar, enxuguei minha boca, deixando cair meu anel. Foi automático a minha ação de abaixar para pegá-lo sem perceber que Allan Storn tinha pensado o mesmo. O choque de cabeças me deu um calafrio. Allan era o típico “descolado” da escola. Tinha cabelos loiros, com uma franja volumosa sobre seus encantadores olhos azuis. Seu corpo era de estatura mediana, nem magro nem gordo. Era significativamente musculoso para um garoto de 10 anos de idade. Conhecia todo mundo, de todas as salas e conseguia o que ele queria e quando queria.
Ele estava me ajudando a levantar quando ouvi risadas inconfundíveis:
-Nossa, Allan, não sabia que você também pegava a ralé. - Beatrice era uma clara metida. Era mais nova que eu e tinha pulado um ano. Dizem que foi seu pai que a adiantou no primário com medo de ela repetir nos futuros anos. Assim poderia terminar com a idade correta se repetisse algum deles. - Eu esperava mais de você, lindinho! - seus cabelos loiros, lisos e longos chacoalhavam conforme sua risada malvada.
-Cala a boca, Beatrice! Ela não é das suas – ele disse apontando para