Estudante
Texto: VIDAL-NAQUET, Pierre. Os assassinos da memória. São Paulo: Papirus, 1988. Capítulo: “Um Heichmann de papel”. (extrato: p. 13 a 92).
O autor começa seu texto respondendo inúmeras questões costumeiras quando o assunto Holocausto é abordado. Embora esse tema já esteja mais do que esclarecido, os chamados revisionistas ainda contestam, debatem e acreditam veementemente que ainda existe algo a ser discutido. Um desses pontos que colocam à prova a veracidade do acontecimento é o fato da história ser, basicamente, contada por judeus, permitindo assim uma parcialidade na hora de narrar os fatos. Entretanto, Vidal-Naquet explica que se trata de um assunto tão polêmico, com tão pouco acervo, que nem a Sorbonne e a Biblioteca Nacional da França têm a documentação básica sobre Auschwitz. Logo, se não houvesse os judeus, o extermínio poderia muito bem cair no esquecimento ou, pior, nunca ter sido comentado. Um desses “revisionistas” (se consideravam revisionistas e não “negacionistas”, como eram chamados), Robert Faurisson, era um universitário devidamente habilitado, quando publicou no Le Monde um texto contestando a existência das câmaras de gás e de Auschwitz. Foi imediatamente refutado, porém deixou a questão em evidência. Muitos, principalmente os jovens que não conheciam diretamente os acontecimentos, passaram a acreditar que tinham o direito de perguntar se estavam lhes escondendo algo.
Do Canibalismo
É muito comum, nas sociedades contemporâneas, contestar as realidades sociais, políticas, culturais e biológicas que um dia se fizeram acreditar, principalmente com o avanço da tecnologia. Porém, colocar à prova essas questões abstratas não machuca tanto quanto duvidar de acontecimentos que marcaram a vida das pessoas de uma maneira dolorosa, como foi o Holocausto.
De acordo com William Arens, os canibais nunca existiram. Para ele, a antropofagia é uma invenção dos antropólogos a partir de testemunhos inconsistentes. A função dessa invenção é