estudante
E
V
I
S
T
A
LATINOAMERICANA
DE
PSICOPATOLOGIA
F U N D A M E N T A L ano V, n. 3, set/ 2 0 02
Rev. Latinoam. Psicop. Fund. V, 3, 144-153
A historiografia sobre omovimento psicanalítico no Brasil
Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira
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Ao propormos a publicação do Relatório da Secção de Psicanálise, apresentado durante o III CongressoBrasileiro de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal de
1929 e intitulado “Contribuição Brasileira à Psicanálise”, nosso objetivo é prestar homenagem ao iniciador da historiografia da psicanálise noBrasil, Júlio Pires PortoCarrero.
Além de um ilustre psiquiatra, Porto-Carrero foi igualmente um “fanático da psicanálise” como ele mesmo se nomeava e um dos principais difusores da doutrina entre1920 e 1938, ano de sua morte. Infatigável, durante esse período ele difunde a psicanálise no meio psiquiátrico local e nacional e sobretudo no meio pedagógico, não sem enfrentar dificuldades eamargar algumas derrotas (Oliveira, 2002).
Durante os anos 1930, ele participa ativamente da equipe de tradutores que publica 7 volumes contendo 52 títulos (conferências, ensaios, artigos e livros) dasobras de Freud, pela editora Guanabara, Waissman-Koogan, do
Rio de Janeiro. Uma parte dessas traduções será retomada na ocasião da publicação das Obras Completas de Freud, pela editora cariocaDelta, em 1958.
C L Á S S I C O S DA
PSICOPATOLOGIA
ano V, n. 3, set/ 2 0 02
Como diversos médicos brasileiros, Porto-Carrero também se correspondeu com o “mestre de Viena” e chegou mesmo aser mencionado na biografia de
Jones sobre Freud. (Jones, [1955]1990, p. 146). No entanto, contrariamente à afirmação deste autor, não foi Porto-Carrero quem visitou Freud em 1926, mas
HenriqueBelford Roxo que por sinal, em seu Manual de Psychiatria, publicado em 1921, dedicou um capítulo ao fundador da psicanálise (Jones, 1990, p. 146).
Aliás, o próprio Roxo menciona essa visita