estudante
A proposta deste pré-projeto é colocar em perspectiva as comunidades agrícolas alternativas do Brasil, tomando como foco o espólio dos escravos, que formaram seu próprio reduto de subsistência e que hoje em dia encontram-se ameaçados pelo sistema latifundiário vigente e pelo descaso dos governantes. Para tal, tomaremos como base uma comunidade específica, que passa por tais problemas.
A comunidade quilombola escolhida para pesquisa é a de Cafundó, localizada no município de Salto de Pirapora, no estado de São Paulo. Nela vivem atualmente dezoito famílias e destaca-se por manter um dialeto, de origem africana, denominado cupópia ou falange, que ainda hoje é falado pelos membros mais antigos da comunidade. A partir de 1978, essa característica cultural da comunidade despertou interesse de jornalistas, pesquisadores e ativistas de movimentos sociais. Porém, Cafundó não permaneceu intocada ou isolada, uma vez que, assim como outras comunidades quilombolas, ainda sofre com as invasões de suas terras e luta para ter seus direitos garantidos.
As comunidades quilombolas são mais de duas mil em todo o Brasil, porém, a maioria delas não é reconhecida como tal (ao contrário dos indígenas que têm legislações próprias). Muitas delas sofrem com a ação de posseiros, estabelecimento de monoculturas ou com pessoas do povoado que acabam saindo do campo rumo às cidades, vendendo suas terras para grandes agricultores e enfraquecendo o sistema de agricultura familiar.
Muitas dessas comunidades rurais tradicionais, na qual estão inseridas aquelas que são remanescentes quilombolas, desapareceram em função desses e outros fatores que mudaram as características do espaço agrário brasileiro. Junto com elas somem também os costumes, crenças e demais traços culturais dos ex-escravos, além de diminuir a diversidade cultural, biológica e socioeconômica do campo brasileiro.
Devido à usurpação de seu território, os descendentes de quilombola de Cafundó