Trabalho escravo éuma verdade inconveniente Se o povo soubesse como são feitas as leis e as salsichas,não dormiria tranquilo. A frase é atribuída a Otto von Bismarck,chanceler alemão no século XIX. Mas poderia ser hoje estendida às roupas de grife. Na semana que passou,vieram a público os resultados de operações de fiscais que descobriram o uso de trabalho escravo na confecção da badalada marca Zara,entre outras. As roupas da empresa espanhola vinham sendo produzidas no país por imigrantes bolivianos e peruanos. Remunerados com a metade de um salário mínimo,eles já chegavam ao Brasil devedores de seus patrões,terceirizados da empresa. Segundo se noticiou,as peças eram feitas em apertadas e escuras residências quase sem janelas. Um habitat bem distinto dos elegantes endereços onde normalmente são vendidas. Para os operários do subúrbio da alta costura,algo em torno de dois reais por trabalho. A empresa disse que não sabia da situação;muitos consumidores,que não queriam saber. Parte dos clientes ouvidos afirmou que não se importa com o problema. Eles acreditam que todas as empresas fazem o mesmo e,enfim,avaliam não ter qualquer responsabilidade sobre isso. Não faltou quem se sentisse até indignado com a crítica,acuado com as sugestões de boicote à marca. "Vamos ter de comprar na C&A,agora?",praguejaram nas redes sociais. A publicidade faz maravilhas. A principal delas é isolar o produto das consequências de sua fabricação. Quando compramos nossos Ipods,Ipads e outros tantos apetrechos,não estamos pensando na situação de mineiros africanos que tenham morrido extraindo metais,nem na contaminação tóxica que a industrialização pode espalhar aos operários e ao meio ambiente. A idealização do consumo se reveste na capacidade de poupar o consumidor dos detalhes sórdidos que estão por trás da produção,da mesma forma como não somos estimulados a pensar nos malefícios da degradação dos produtos,depois que eles não nos interessam mais. Em "A História das Coisas"(The Story of