estudante
Andrade Corvo é um oficial do exército, um delator que possui grande poder argumentativo, como o comprova o diálogo que mantém com Morais Sarmento, quando este aparenta alguns escrúpulos por estar a contribuir para a condenação de um inocente, em que vence esses receios e hesitações do companheiro. O seu nome liga-se à simbologia disfórica do corvo, ave de mau agouro. Dedicado à «causa» do Poder, representado pelos três governadores, que o consideram bem vestido, ou seja vaidoso, e “amigo dos prazeres” pretende ser promovido pela denúncia. É esta personagem que confirma aos três governadores a existência de uma conspiração e o nome do general Gomes Freire de Andrade como líder da mesma.
Por sua vez, Morais Sarmento é capitão do exército, inseguro e hesitante, aparentando ficar atormentado pelos remorsos e pela sua consciência e receia ser conhecido como um traidor por causa do processo que levará à condenação à forca do general Gomes Freire. Todos estes alertas de consciência são astuciosamente desmontados pelo companheiro de denúncia, Andrade Corvo, que o convence, dessa forma, a prosseguirem no seu objetivo, facto que poderá significar que as preocupações e a sua consciência de culpa de Morais Sarmento são, meramente, aparentes.
Estas duas personagens, além das características que as individualizam, funcionam como um par, pois comungam da maioria dos traços que constituem o seu retrato. De facto, ambos são denunciantes e corruptos, vendendo-se a troco de dinheiro e de uma promoção; ambos são tratados com superioridade pelos governadores, que os apelidam ironicamente, como atrás já ficou esclarecido, de «patriotas»; ambos surgem em cena exclusivamente no acto I, visto que a sua missão termina quando pronunciam o nome do general como o chefe da conjura. Por outro lado, nunca andam sozinhos, dado que, não sendo honestos, necessitam constantemente de testemunhas que