Estudante
Tatiana Gianini . 18 de dezembro, 2013. VEJA
A Ucrânia fica paralisada a meio caminho entre o autoritarismo da Rússia e a modernização da União Europeia.
A palavra Ucrânia deriva do eslavo antigo ukraina, que significa "região de fronteira". Esse país de 45 milhões de habitantes, que até 1991 marcava a fronteira ocidental da extinta União Soviética, foi a região que sofreu mais abusos do ditador comunista Josef Stalin. Entre 1932 e 1933, Stalin planejou e executou contra os ucranianos — que ele via como um povo orgulhoso e nacionalista demais para seu gosto — o mais cruel plano de genocídio da história contemporânea. A Ucrânia foi isolada pelas tropas soviéticas. Mais de 5000 intelectuais foram deportados e mortos em campos de concentração. A população foi privada de todos os meios de sobrevivência. Metodicamente, a polícia soviética confiscou todo o gado, toda a produção de trigo. Famílias pegas com trigo estocado em casa eram sumariamente fuziladas. No auge da campanha de terror, 25 000 ucranianos morriam de fome por dia. Em dois anos, Stalin matou a tiros ou de fome 10 milhões de pessoas na Ucrânia.
A censura interna e a eficiente propaganda comunista no Ocidente esconderam durante décadas esse hediondo crime contra a humanidade. Com o fim da tirania soviética, a verdade foi aos poucos sendo restabelecida, mas só em novembro de 2006 o Parlamento da Ucrânia aprovou a lei que reconheceu oficialmente o genocídio premeditado por Stalin e tomou ilegal negar sua existência. É esse país que, agora, a Rússia quer manter em sua órbita pressionando Viktor Yanukovich, presidente ucraniano, a desistir de assinar um acordo de livre-comércio e associação coma União Europeia.
O documento, que vinha sendo negociado fazia seis anos, abriria caminho para a Ucrânia se tornar um dos membros do bloco. Milhares de pessoas ocuparam a Praça da Independência, no centro de Kiev, e pediram a renúncia de Yanukovich, a uma temperatura de 13 graus negativos. O