Estudante
Muitas vezes olhamos para trás, principalmente para o período ditatorial militar brasileiro, e nos perguntamos : "Como o povo suportou toda aquela repressão, todo aquele abuso, toda aquela falta de escrúpulos por 21 anos ?". Talvez, a resposta venha de outra pergunta: " Como suportamos hoje toda essa onda de corrupção que, mesmo com muitas manifestações, não é abalada?". Esperamos que daqui algumas boas décadas, tudo que se vive hoje seja lembrado com devida repulsa e, assim por diante. A sociedade está em constante mutação, constante evolução. Hoje temos esta Constituição como dogma, amanhã ela poderá ser somente história.
O Brasil, em toda sua história conhecida, apresenta várias oscilações dentro da política. De colônia à império, à república e, dentro desta, várias mudanças. Em uma breve análise, pode-se dizer que algumas fases aconteceram por interesses de poderosos, outras poucas, para o benefício do povo. Ora o povo assistia bestializado aos acontecimentos políticos, como disse Aristides Lobo. Ora participava ativamente, até mesmo com "caras pintadas". Tudo era novo, tudo era reprise. Frei Betto diz, em A Mosca Azul, sobre as eleições presidenciais de 2003, que " a nação prenhe do inédito, mãe idosa a festejar" (p. 18); "... cinco séculos de gravidez..." (p.22), o Brasil nunca havia visto tanto poder nas mãos dos menos favorecidos como neste período. Sim, era inédito um metalúrgico na presidência, porém o discurso da mudança, a retórica das melhorias, do bem para a sociedade, não são novos. Sempre nos depararemos com esta mesma colocação, até mesmo por que é isto que se busca, todos queremos o melhor, seja para a sociedade, seja para si. É ai que se encaixa a grande questão da conveniência, o aspecto do poder, pois quando olhamos para nosso passado, vemos políticos sempre anunciando a mudança para uma "vida boa". Vida boa para quem? Somente para eles ou para todos? Para quem