estudante
Por Sandra Baptista
Reconhece-se habitualmente por civilização, a sociedade constituída por um povo comandado por um Estado. Ou seja, indivíduos delegam poderes a um sistema de governo que se predispõe a organizar e manter a ordem e o bem comum, baseado em leis e sistemas de “policiamento”. Tudo o que escapa além desse conceito é tido como marginal e inferior.
Para uma sociedade que se guia por valores de posses, domínios e absoluta intolerância quanto às diferenças de conceitos e concepção de vida, é praticamente incompreensível que outra sociedade possa evoluir de uma forma diferente.
As sociedades primitivas, chamadas de selvagens, apesar da aparência de pura simplicidade, possuíam valores diferentes dos nossos, mas nem por isso inferiores. Apenas possuíam uma concepção singular da vida, onde se percebiam como parte integrante da terra, e não proprietários dela. Ora, se somos partes integrantes da terra que nos supre e nos acomoda, logo não temos com o que nos preocupar gerando excedentes pelo medo da falta.
O trabalho não era encarado com uma tarefa árdua e maldita, de onde se deveria retirar uma compensação, através de acúmulos de bens. Os indivíduos trabalhavam e celebravam a vida, percebendo-se parte dela, sem a menor necessidade de controlá-la e controlar a outros. Produziam apenas o necessário para sua sobrevivência. Comiam quando tinham fome e dormiam quando tinham sono. Respeitavam o ritmo natural da vida que tinham e não tinham interesses maiores do que esses.
Uma forma de vida simples como essa, e ao mesmo tempo tão funcional, certamente provoca demais a ira de uma sociedade antagônica, onde o trabalho é visto como uma forma de se conquistar o poder, tentando controlar o fluxo da vida e de outras vidas tidas como “menores”e pouco ou nada “evoluídas”, de acordo com seus critérios. Essa sociedade se desgarrou da natureza e já não se reconhece mais como parte