Estudante
RESENHA: A NEUROSE OBSESSIVA. (Maria Anita Carneiro Ribeiro)
A neurose obsessiva é um distúrbio que produz sofrimento psíquico e que aponta para os impasses do sujeito com o seu desejo inconsciente. Falar em neurose obsessiva pode parecer até algo fora do contexto nos dias de hoje, após o CID 10 (Classificação internacional das doenças) e do DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais), pois estes varreram dos manuais o termo Neurose Obsessiva e substituiram pela sigla TOC, transtorno obsessivo compulsivo. Por trás da mudança da sigla, está oculta toda uma política do discurso capitalista de anular o sujeito do desejo e substituí-lo pela figura de consumidor passivo. O TOC é uma doença cerebral, com a qual o sujeito não tem nada a ver, e que deve ser tratada com remédios. Isso reduz o obsessivo a um doente mental, que deve ser medicado, pois a neurose nada tem a ver com o desejo do sujeito, mas sim com uma situação ceberal que deve ser tratada. A ciência moderna é fruto do Iluminismo, movimento filosófico do século XVII que inspirou no século XVIII a Revolução Francesa. É a essa revolução e a esse movimento filosófico que devemos o contexto moderno de democracia.
Devemos a René Descartes à ciência como pensamos hoje, pois até a Idade média a ciência estava subordinada à religião. Descartes buscava a certeza, buscava distinguir o verdadeiro do falso, e nessa busca ele escreveu suas Meditações. Em suas meditações, ele revela o que o impulsiona em sua pesquisa, que é o desejo de saber. Enquanto sujeito do desejo, ele inaugura um método de reflexão filosófico que dá independência ao campo da ciência, a dúvida metódica. Sua frase “Pensa logo existe” demonstra a primazia da consciência.
Para Descartes, Deus é a garantia da existência do homem, porém se existe no pensamento do homem a idéia da perfeição suprema, esta só pode ter sido inspirada por Deus, que não se engana. A Deus pertencem as