estudante
TAMIRES BRAGA
PASSEIOS DE BABEL
“Um espírito lúdico libertado de amarras lógicas. A pontuação arbitrária e caprichos tom meio erudito, meio circense. As imagens e comparações insólitas e delirantes. Alguma coisa de muito criança com qualquer coisa de muito velho.”
Esse facilmente poderia ser um parágrafo introdutório de apresentação sobre Paulo Leminski, poeta, músico, pensador, e fazedor de tudo aquilo que envolve criação, mas, trata-se de sua própria apresentação de Alfred Jarry, autor de O Supermacho, obra traduzida por Leminski.
A semelhança subversiva entre os dois é indubitável, ambos excêntricos e desconcertantes. Leminski é um patafísico de nossos tempos, e, ao observar tamanhas semelhanças que se dão justo nas singularidades, pergunto-me até que ponto Jarry fez de Leminski o Leminski que vemos, e, até que ponto Leminski interfere no Jarry que construímos a partir de sua tradução de O Supermacho.
A confusão entre tradutor, obra e escritor não deve ser tratada como menos importante do que a obra em si, já que a obra é criatura dessa mistura. A confusão surge da inatingibilidade da multiplicidade de significados, e esta é uma barreira estimulante que surge primeiramente entre ideia e autor, então entre autor e obra, obra e tradutor. É engrenagem, onde sentido, autor e criatura se fundem juntos em um impulso de criação e recriação.
Babel não quer dizer apenas confusão no duplo sentido dessa palavra, mas também o nome do pai, mais precisamente e mais comumente, o nome de Deus como nome do pai. Derrida
Podemos então ver Babel, ou confusão, como origem, criação. Benjamin considera a noção de origem como "saltos" ou "recortes inovadores" que interrompem a monotonia da história oficial. De acordo com o filósofo, a origem remete a um passado, mas isto só se dá através da mediação, da lembrança ou da leitura dos signos. Dessa forma, não poderia haver reencontros imediatos com