Estudante
DEPARTAMENTO DE TEORIA E CRIAÇÃO COREOGRÁFICA
CORPO E MOVIMENTO
GIZELLE BARBOSA DA SILVA
Percebemos hoje uma distorção do sentido da palavra “cuidar”. O conceito de cuidado está totalmente ligado ao cuidado do corpo em todos os seus aspectos; de cuidado com a saúde física, cuidado com a aparência, no caso dos adultos, e ligado às necessidades básicas e às necessidades de sobrevivência, quando relacionado à infância.
A sociedade capitalista nos obriga cada vez mais a valorizar o trabalho, para podermos acumular capital, para podermos adquirir bens, ou seja, para que possamos consumir, para, consequentemente, conquistarmos espaço na sociedade. Pois só é visto e considerado pela sociedade quem possui capital acumulado, quem possui bens materiais, que consome toda essa gama de produtos que são disponibilizados diariamente nas prateleiras. Na “sociedade do espetáculo” a ordem é “ter mais para ser mais”, é a inversão de valores citada acima onde às relações sociais não são pautadas mais por afetividade e cooperação, mas sim por competitividade mediada por imagens.
O dinamismo das relações em um mundo globalizado ajuda, também, a agilizar as relações do ser com seu corpo. Ao ter acesso a, praticamente, tudo com enorme facilidade, o sujeito passa a ser, cada vez mais, dono de sua identidade corporal. Sendo a construção do corpo, nessa nova sociedade, um direito adquirido.
“O corpo humano, outrora considerado (erroneamente) como obra da natureza – evocando-nos, por isso, a idéia de algo intocável -, passa agora, principalmente devido aos avanços tecnológicos e científicos, a representar, de forma contundente, um misto entre o inato e o adquirido. Pertencendo a uma sociedade globalizada na qual é cada vez mais difícil a sobrevivência de características próprias, sejam estas individuais, sejam sociais, e em que tudo é descartável e mutável, o indivíduo adquire a opção de construir seu corpo conforme seu desejo.” ( KEMP, 2005, pg.