Estamira
Ela desenvolveu o quadro esquizofrênico , após o segundo estupro. Com um mês depois passou a ter alucinações e a acreditar que ela mesma é o real, é abstrata e tem todo o poder. Devido ao seu transtorno, muitos a vêem como possuída por uma força maligna, até mesmo seu filho.
Até a ocorrência dos episódios mais traumáticos de sua vida, Estamira era temente a Deus e achava que tudo aquilo era uma provação divina, porém, certo dia na casa da sogra de sua filha, começou a delirar dizendo que os coqueiros eram o poder e o real, além dos delírios de perseguição e das vozes "astrais" que ela ouve.
Em muitos momentos são vistos os momentos de lucidez em seu discurso e cotidiano, mas habitualmente ela apresenta-se agressiva, descrente em Deus e no mundo, talvez esses comportamentos ocorram como uma resposta a tudo que ela enfrentou. Estamira criou um mundo próprio no intuito de conseguir um poço para suas angústias e tentar ter o controle daquilo que pode acontecer.
Então devemos apenas ver Estamira como sendo a senhora esquizofrênica do lixão ou como um ser com um histórico de lutas e muitas dores que em paralelo e/ou como consequência desenvolve um quadro esquizofrênico? Na realidade, o que aprendemos nos remete mais à segunda questão, pois mesmo com todos os sintomas, ela revela momentos de lucidez e também devemos voltar nosso olhar para o ser em si, muito mais que seu quadro patológico.
Diante dos dados estatísticos, podemos perceber que a doença ainda atinge as pessoas nas condições de Estamira: pobre, sem instrução, vivendo em situações precárias.
Não nos iludimos achando que os inúmeros traumas e vicissitudes pelas quais passou a personagem real que dá título ao documentário de Marcos Prado teriam sido "a causa" de sua doença mental. Sua mãe também necessitou de tratamentos psiquiátricos. Uma