A verdade de Estamira: uma análise fenomenológica da idéia de Verdade no filme “ A minha missão é revelar a verdade, somente a verdade. Seja mentira, seja pegar a mentira e tacar na cara”. Esta foi uma das primeiras falas de Estamira apresentada no documentário feito por Marcos Prado da vida de uma senhora de senhora de sessenta e dois anos que mora no Rio de Janeiro, na Grande Rio, região Duque de Caxias, e trabalha no Aterro Sanitário de Jardim de Gramacho. Estamira conta a história da vida de Dona Estamira por meio das falas dela e de seus familiares e conhecidos. Estamira é diagnosticada por distúrbios mentais e psicóticos, suas falas são impactantes, e apesar das condições em que ela se encontra e de sua história de vida, ela transcende o senso comum, questionando a moral humana, a sociedade, o capitalismo, e o comportamento humano por meio de suas falas. No início do documentário Estamira diz que sua missão é revelar a verdade para o mundo. Diz que ela as pessoas são comuns e ela não é comum, apenas seu formato é comum. A idéia de Verdade é pensada desde a antiguidade clássica, pelos filósofos gregos e talvez antes mesmo desta época. Na antiga Grécia haviam os Sofistas que trabalhavam com a arte do discurso e da retórica, não importando com a verdade mas sim com a forma como iriam pronunciar a verdade para que os outros acreditassem em suas falas. A verdade de Estamira estaria além da verdade da retórica, é uma verdade crua, revelada pelo que ela é, por algo que vem antes das opiniões e julgamentos. Na mesma época, o filósofo Sócrates queria chegar ao questionamento das coisas, e a partir disso buscar conceitos verdadeiros, dizia que as pessoas estavam cegas pelos seus conceitos e que deveria se perguntar “o que são as coisas?” para depois fazer surgir um novo conceito por meio de um parto “maiêutica”. O filósofo alemão Edmund Husserl (1859-1938) pai da Fenomenologia queria descobrir a essência das coisas. Tanto ele como seu seguidor francês