estados militares do vale de zambe-formacao
– Entre 1820 e 1835, o exército do decadente Estado dos Mwenemutapa lançou vários ataques aos prazos da margem esquerda do Zambeze, provocando o abandono da maioria desses prazos quer por parte dos prazeiros, quer por parte dos A-Chicunda e das populações em geral;
– Entre 1830 e 1844, dois grupos nguni, os de Zwangendaba e o de Nguana Maseko, atacando as populações, raptando homens e mulheres e cobrando tributos. O primeiro atravessou o Zambeze em 1835 perto da Cachomba (Província de Tete) e o segundo fez a travessia em 1839 por Tambara. A sua presença contribuiu para o abandono das feiras do Zumbo e de Manica, que tinham sido reabertas após a investida do Changamire Dombo em 1693. Cerca de 1840, os Nguni tinham ocupado 28 dos 46 prazos que ainda existiam, bem como algumas chefaturas independentes;
– O tráfico de escravos no vale do Zambeze, o qual dependia do mercado brasileiro. Milhares de camponeses foram exportados e os prazeiros principiaram também a exportar o próprio sustentáculo dos prazos: A-Chicunda. Estes fugiram para reinos e Estados vizinhos.
Estes três factores contribuíram para a eclosão das dinastias dos senhores de escravos. Áreas dos antigos prazos foram ocupadas e milhares de A-Chicunda foram reagrupados a troco de tecidos, de bebidas e de armas de fogo. Enquanto isso, o Governo português, temeroso da presença Nguni no vale do Zambeze, resolveu conceder patentes administrativos e militares a alguns dos novos reis, fazendo-os defender o vale do Zambeze contra os Nguni, o que eles fizeram com as patentes de capitão-mor ou de sargento mor.
Porém, o primeiro Estado a surgir foi o de Macanga a norte da província de Tete, fundado por Gonçalo Pereira, que tinha a alcunha de Dombo-Dombo que significa terror. Um segundo Estado é o de Massangano que estava situado a sul da confluência dos rios Luenha e Zambeze em território dos antigos prazos.