esportes na Guerra fria
A relativa liberdade de opinião e expressão nos países capitalistas oferecia um contraste notável com a rigidez adotada pelo socialismo, e era considerada um dos grandes trunfos do sistema de mercado. Talvez por essa razão, a turbulência das idéias no mundo capitalista conseguia conviver com a guerra fria das imagens promovida pelos ideólogos dos dois sistemas.Uma das arenas favoritas da guerra das imagens era o esporte, em particular os Jogos Olímpicos e os campeonatos mundiais de xadrez. A utilização do esporte para fins ideológicos em nosso século, no entanto, é anterior à Guerra Fria.
Em 1936, o atleta norte-americano Jesse Owens conquistara 4 medalhas de ouro nas Olimpíadas de Berlim. Um duro golpe nos planos de Hitler, que pretendia fazer dos Jogos uma demonstração da propalada superioridade da raça ariana. O ditador teria ficado ainda mais contrariado pelo fato de Jesse Owens ser negro.Durante os anos da Guerra Fria, o acúmulo de medalhas olímpicas serviu para mostrar, no plano simbólico, a suposta primazia de um sistema sobre o outro. Esse tipo de confrontação simbólica atingiu o ponto máximo nas Olimpíadas de Moscou, em 1980, e nas de Los Angeles, em 84. As competições foram prejudicadas pelo boicote das superpotências: em 80, os norte-americanos e alguns aliados ausentaram-se dos Jogos, em protesto contra a invasão do Afeganistão. Em represália, quatro anos depois foi a vez de o bloco socialista não comparecer à competição de Los Angeles.Os campeonatos mundiais de xadrez também eram por excelência um palco de confronto ideológico. A própria Guerra Fria pode ser comparada ao jogo de xadrez, em que um adversário só pode aplicar um xeque-mate simbólico no outro. O poder de destruição nuclear acumulado pelas superpotências era de tal forma aniquilador que já não fazia sentido um enfrentamento real. Por isso, o xadrez da Guerra Fria tinha o título de "equilíbrio do terror".
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Cai o muro